Caiando Memórias de Darque

CAIANDO MEMÓRIAS DE DARQUE

A Casa das Artes acolheu no passado dia 24 de setembro um evento dedicado às Jornadas Europeias do Património 2016 este ano subordinadas ao tema Comunidades e Culturas, tendo como objetivo destacar e envolver as múltiplas formas de comunidade.

A Junta de Freguesia de Darque com a colaboração da Vereação da Cultura da Câmara Municipal de Viana do Castelo, correspondendo ao desafio e entendendo que compreender os elos de ligação entre o património e a comunidade contribui para a valorização da cultura nas suas múltiplas dimensões, associou-se a esta efeméride e convidou o Dr. Fernando Ricardo da Silva para apresentar o seu estudo “Os fornos de cal artesanais entre os rios Minho e Lima nas épocas Moderna e Contemporânea”, na vertente intitulada “De Darque à Ribeira: Os fornos de Cal do Vale do Lima”.

À palestra assistiram o Vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luis Nobre e o Presidente da Junta de Freguesia, Joaquim Perre, bem como um vasto público, que encheu a sala, interessado no património e na obra decorrente de um estudo ressente que permitiu dar visibilidade a estas representativas peças da arqueologia industrial darquense, constituídas pelos Fornos Artesanais de Cal. A apresentação foi concluída no sábado com a visita guiada pelo autor às ruínas dos três fornos.

O autor percorreu a história, dando conta de algumas das evidências da utilização da cal em tempos mais recuados e em diferentes civilizações, fazendo também uma avaliação dos estudos anteriores dedicados a esta temática em Portugal e no estrangeiro, bem como às classificações tipológicas estabelecidas.

Os “Fornos de Cal” fazem parte do imaginário dos darquenses. As unidades ainda existentes (ruínas) em Darque são únicas no concelho de Viana do Castelo. Estas unidades, que pertenciam a um conjunto de seis fornos, localizam-se na nossa vila, no lugar do Cabedelo, sendo que o mais antigo fica junto ao antigo estaleiro de construção naval e os outros dois estão próximos da capela de Nossa Senhora das Areias.

Apesar de não existir no Minho a matéria-prima necessária, este património teve actividade significativa na produção tradicional de cal, na segunda metade do séc. XIX e início do séc. XX. O autor salientou, também, as diferentes origens da pedra calcária, o seu transporte e periodicidade, o combustível utilizado na produção e os fornos conhecidos.

No conjunto da apresentação o palestrante realçou que para o êxito comercial da produção de cal muito contribuiu a proximidade do porto de mar e os tradicionais barcos de “água arriba” que navegando o Rio Lima escoavam a produção de cal ao longo da zona ribeirinha, até Ponte da Barca.

Nas conclusões finais o Vereador do Urbanismo manifestou o seu agrado pelo estudo apresentado e afirmou que Darque, desde o Monte do galeão, passando pelo Cabedelo até ao Centro Histórico, possui um importante património que tem de ser conhecido para poder ser preservado.

E nós complementaríamos que eventos desta importância, dando lugar ao conhecimento, permitem caiar e rejuvenescer as memórias de Darque.