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O livro – Darque o Outro Lado da Cidade de Viana do Castelo

 

UM LIVRO QUE SE RECOMENDA:

Apreciação por Dra Maria Flora Silva

É o título – “Darque, o outro lado de Viana do Castelo” – largamente sugestivo e ambíguo quanto baste para desvelar as intencionalidades da obra.

É, em primeiro lugar, um livro de homenagem a Darque e à sua gente «criativa e pundonorosa» cujas raízes históricas mergulham na civilização celta e que lhe ficou inscrita, em marca de água, no próprio topónimo.

Com base numa cuidada investigação, Cândido Gonçalves defende a tese original de que o topónimo Darque derivará etimologicamente da palavra celta Darik, evocativa do culto druídico da floresta de carvalhos, tese tão mais arrojada por se opor à de origem latina defendida por Luís Figueiredo da Guerra ou à de origem moçárabe de Almeida Fernandes.

A segunda intencionalidade marcada no subtítulo – o outro lado de Viana do Castelo – é a de denunciar o desigual tratamento das duas margens do Lima, na esperança de que este livro possa contribuir para « reverter a desatenção a que esta terra e os seus 7.817 habitantes têm estado votados».

A outra intencionalidade , mais subliminarmente positiva , é a que o cidadão Cândido Gonçalves, que aqui viveu mais de metade da sua vida, ambiciona para a sua terra de eleição – a imagem reflectida da cidade no espelho do Lima, generalizadamente reconhecida pela excelência do seu património construído e natural, pela preservação da sua matriz identitária, pelo orgulho de pertença a um território único e singular onde apetece viver.

É pois com esta tripla ambição de homenagem, de denúncia e de esperança de mais atenção para esta freguesia, patrimonial e socialmente desequilibrada desde o boom construtivo das décadas 70 – 80 do século passado, que o autor mergulha na longa história deste velho burgo e lhe traça o percurso histórico mas também sociocultural e económico desde a primeira referência documental datada do ano 985 até aos nossos dias.

A evocação sintética de figuras e factos quase míticos como a provável passagem do exército de Decius Junus Brutus no cais de S. Lourenço e a lenda do rio Lethes ; as visitas reais de D. António Prior do Crato em 1580 que terá acostado clandestinamente no cais do Cabedelo , em fuga para Inglaterra, com a ajuda dos darquenses ; a do rei D. Luís, em 1887, para bater a primeira estaca para o desassoreamento do Lima ; a pesqueira real dos Duques de Bragança ou a evocação de episódios de mobilização popular nas Invasões Francesas ou na falhada desanexação da praia do Cabedelo de Darque para Viana ; a evocação de figuras populares como os Bateladas ou os Camisões , barqueiros de rio acima cuja actividade resistiu até aos anos 50 – 60 ; a carismática Taipeira , maestrina de gigantones e cabeçudos verdadeiros ícones da Romaria da Agonia ; o Manica , actor que alimentou o gosto dos darquenses pelo teatro popular ; o Costureirinha que afinal era barbeiro ; o Fivelas , poeta popular ; o Nelinho dos jornais ou as parteiras do povo Micas Barroselas, Apolónia ou Joana Pepina ou ainda a evocação de figuras mais ilustres como o generoso farmacêutico Dr. Vieira ou o pioneiro da radiologia em Portugal , Dr. Carteado Mena e sua mulher Guilhermina Suggia , violoncelista de reconhecido mérito internacional ou o Comendador Carteado Monteiro que em 1913 foi presidente do Clube Republicano de Darque e membro da direcção da Cruz Vermelha ou ainda a síntese da imprensa darquense e dos seus poetas mais dilectos , dos quais transcreve significativos poemas de louvor a Darque e ao Lima , figuras que residem na memória colectiva deste povo e lhe dão identidade …

É com aturado estudo e criteriosa investigação que Cândido Gonçalves almeja a difícil síntese dum riquíssimo património que urgia conhecer e fá-lo com o espírito crítico e a sensibilidade de quem acredita que é possível um desenvolvimento de maior qualidade para esta freguesia da cidade

À venda na Junta de Freguesia pelo preço de 19,50€